Amor. Nos dias que correm, a palavra “amor” tornou-se mais curriqueira do que o próprio telemóvel. As pessoas usam e acima de tudo, abusam despropositadamente deste suposto sentimento. Não é que não seja correcto amar, não, eu acho é que as pessoas por qualquer coisa, já estão a amar. Amor, é aquele que dói, aquele que verte a lágrima de saudade e alegria, é aquele que sofre com o outro como se fosse o próprio. Amar é olhar e saber o que o outro sente, é tocar e saber como está, é não falar, mas ouvir na mesma. Isso é amar. Hoje em dia, o amor perdeu o valor, por dá cá aquela palha sai um “amo-te”. É oficial, o “gosto de ti”, “adoro-te”ou até mesmo o “curto-te bué” foi automaticamente subido de escalão para um “amo-te”.
Há quem diga que certos momentos da vida se repetem ciclicamente de x em x anos. Se assim for, espero que o ano que passou se volte a repetir muito em breve. Toda a vida me queixei por estudar, ao mesmo tempo que ouvia da boca dos outros que estes seriam de longe, os melhores anos da minha vida. O ano que passou foi uma excepção a todos os outros, faça-se notar. Este não pôde ser propriamente classificado de ano lectivo. Ao longo do último ano posso afirmar de cabeça erguida e mão no peito que não fiz, passo a expressão, “a ponta d’um corno”. Com apenas 3 cadeiras e projecto como objectivo anual, pude fazer certas coisas que jamais poderia noutra situação, entre os quais passar um ano inteiro sem pôr os pés numa sala de aula. Os dias eram grandes, acordava entre as 11 e as 12, deitava-me entre as 3 e as 4, fiz maratonas de semanas deitado a ver séries, pude beber café depois do almoço, sem o estrangulamento no pulso exercido pelo relógio. Tempo? Tempo tinha eu com fartura. Passeei, viajei, visitei museus, vi concertos, frequentei tertúlias, debates, workshops, actualizei-me no cinema, naveguei dias seguidos na net, passei férias dignas do nome férias sem o fantasma do seu fim. Não, não iam acabar, apenas iam continuar noutro sítio. Foi um ano ímpar, inigualável e infelizmente único. Acabou. Muitos houveram a alertar-me do possível cansaço do não fazer nada, do entrar em paranóia com tão pouco a fazer. Todos se enganaram. Redondamente.
Mas a vida muda, e o que é bom não dura para sempre.
Um dia acordamos às 12, noutro as 6, num passamos o dia em frente ao PC a ver séries, no outro apercebemo-nos que o PC pode mesmo servir para trabalhar, num passamos a tarde no café a conversar, noutro passamos a tarde ao telefone no trabalho. O dia termina lá pela hora da novela, que dantes era reutilizada para ir ao café digerir o jantar e hoje é apenas usada para ligar o temporizador da tv e dormir.
Não me considero um fã assumido dos Simpons, sou mais um fã daqueles a atirar para o razoável. Desta forma, a minha opinião sobre o filme talvez não deva ser levada tão em consideração quanto isso. (Não é que fosse levada mesmo que não fosse fã. O pensar que alguém liga àquilo que escrevo revela-se apenas um mero narcisismo. Não liguem.)
Agora já com o ego mais auto-afagadinho, continuo.
Quem gosta da série da Fox, irá com certeza adorar o filme. Este consegue uma crítica social ainda mais objectiva do que o costume, nunca descurando no humor requintado a que fomos habituados. É um filme notoriamente para adultos, os assuntos são abordados de uma maneira mais agressiva. Até se usam asneiras. Das verdadeiras, note-se. Felizmente as traduções habituais do género: “FUCK!!!” = “Que maçada”, foram deixadas de fora. Poderia prosseguir aqui pelo caminho do elogio, poderia ainda contar alguns excertos notáveis, mas, como não sou do género vizinho de cinema:”Épá o gajo vai morrer a seguir…”, deixo em aberto as opiniões e críticas para que todos possam desfrutar dos Simpsons, desta vez, não na FOX, mas num cinema perto de si.
Isto soou um pouco a spot publicitário, mas não foi.
Sinto falta de ouvir música. Sinto falta do arrepio na espinha de um bom concerto. Ao ouvir “Stronger (Instrumental)” de Daft Punk, relembro o concerto na minha cabeça. Sinto falta dessa sensação, do passar para o lado de lá, da passagem automática do ser contido que somos no dia a dia para a estrelouqueira total, sinto falta de saltar a ouvir música bem alta, do começar um concerto com um ar apático e automaticamente dar por mim a sorrir sem razão aparente. Já fui a muitos concertos, uns em recintos mais requintados que outros, e engraçado seja, que os que sinto mais falta são os verdadeiros, aqueles bem ao género de festival, onde podes ser quem és, sentir o que sentes, ouvir o que todos ouvem, saltar, berrar, cantares e enganares-te na letra, poder chegar ao fim de um mau concerto e berrar “A tua mãe!!!”, sei lá, sinto falta disso tudo. Preciso mesmo de ir a um bom concerto brevemente. Por mais que tente, não consigo sentir o mesmo em casa. Que pena.
P.S. – Vou ouvir “Queen Live @ Wembley 1986”. Sempre dá para enganar a saudade.
3 Pistas – Antena 3 50 Cent – Whoo Kid Astor Piazzola – The Central Park Concert Beastie Boys - The Mix Up Bonde do Rolé - Bonde Do Rolé With Lasers Cinco Minutos de Jazz – Vol. 4 Devotchka – How It Ends Garbage - Absolute Garbage Gogol Bordello - Super Taranta I'm From Barcelona - Let Me Introduce My Friends Joan Osborne - Breakfast In Bed Jorge Palma - Voo Nocturno Josh Rouse - Country mouse, City House LCD Soundsystem - Sound of Silver Little Miss Sunshine – OST Mando Diao - Ode to Ochrasy Mario Laginha - Trio Espaço Mayra Andrade – Navega Queen - Live At Wembley 86 Rage Against The Machine - Evil Empire Rodrigo Leao – O Mundo (1993-2006) Saian Supa Crew - Hold Up Shivaree - Tainted Love Mating Calls And Fight Songs Sigur Ros – Takk The Bravery - The Sun and The Moon The Chemical Brothers - We Are The Night The Who - Live in Phoenix Tiga – Sexor Tv On The Radio - Return To Cookie Mountain
Neste blog, tudo se pode dizer, escrever e publicar, mesmo que não se enquadre em qualquer contexto de coisa nenhuma..basicamente, mesmo que não tenha interesse algum...